Refilmagem de Flor de Cacto (1969), que tinha os astros Walter Matthau e Ingrid Bergman, essa novidade de agora reúne ele e uma amiga de longa data, com a qual nunca tinha contracenado antes: Jennifer Aniston (Caçador de Recompensas).
Na história, Danny (Sandler) foi infeliz no casamento e passou a usar a aliança como instrumento para ter relações com um único compromisso: diversão. Cirurgião plástico bem sucedido, deu um tapa na feiúra do passado (um nariz "meio" Cyrano de Bergérac) e, no trabalho, conta como sua fiel escudeira e melhor amiga Katherine (Aniston), mãe solteira de um casal de pestinhas. Tudo ia bem até ele conhecer a jovem Palmer (Brooklyn Decker) e, para conquistá-la, inventar que era casado com a funcionária e pai das crianças.
Criticando o culto à beleza em detrimento de valores mais importantes, como o amor, o filme funciona bem e vai provocar risadas em muita gente. Sem deixar de lado cenas bizarras, como a do amigo com o rosto todo botocado ou um pirralho com descontrole intestinal, o roteiro tem na espiral crescente de mentiras do protagonista um libelo contra quem vive longe da verdade. E deve agradar a turma que gosta de humor pastelão e com alguns escorregões (para a baixaria) típicos das comédias do ator.
É provável também que encontre cumplicidade no espectador, quando Katherine mais "madura" põe em xeque sua beleza, contrastando com a jovialidade de Palmer. Além do personagem (e da atriz) fazer bonito numa sequência na cachoeira, é um perfeito veículo para questões que afligem aquele grupo que já anda convivendo com a Idade da Loba, do Lobo, entre outras inerentes a este período da vida adulta.
Com direção do parceiro Dennis Dugan (Eu os Declaro Marido e... Larry), não será difícil encontrar o riso no ritmo das citações, sequências ou diálogos divertidos. O texto tem sacadas ótimas com seriados, atores e grupos musicais. Tem até uma criança batizada no improviso de Kiki Dee. Lembra da cantora? Se "positivo operante", é sinal de que já passou dos "enta" (40) e balançou o esqueleto com o sucesso "Don’t Go Breaking My Heart" (1976), um ótimo dueto com Elton John.
Entre as curiosidades, muitos enquadramentos nos decotes sem sutiãs de Aniston e Decker, ambas sem o visual artificial do silicone na comissão de frente. Das bizarrices "sandlerianas", uma brincadeira do personagem latindo com as mãos quase vira uma "homenagem" ao brasileiro Sérgio Mallandro.
No elenco, destaque para a participação de Nicole Kidman, como uma rival dos tempos de escola e também para Nick Swardson, desconhecido do grande público e no papel de amigo bobão, geralmente ocupado pelo indefectível Rob Schneider (Gente Grande).
Nascido em 1966, Sandler não deixa de valorizar as coisas de seu tempo, como frisar que músicas boas são as anteriores a 1995. Por conta disso, sapeca várias do grupo The Police e ainda "Tenderness", do General Public, "You Should Be Dancing", dos Bee Gees etc. Mas sabe o que ficou mais legal? São as versões com novas levadas rítmicas e variações nas letras com um resultado, no mínimo, sui generis.
Portanto, tente ignorar o festival de merchandising de marcas famosas e não esquente a cabeça com a paixão ultra-mega-hiper rápida dos pombinhos logo no começo do filme. Porque essa é somente mais uma história de amor com final feliz, mesmo que seja de mentirinha.